segunda-feira, 28 de maio de 2012

Life is what happens to you while you´re busy making other plans

Poderia usar aquela frase clichê e dizer: Aproveite, eles crescem logo!
Se você é "mãe-de-primeira-viagem" como eu, já ouviu esta frase diversas vezes.
Não, você nunca aproveitará o suficiente. E eu não direi para que você aproveite. Direi antes: Registre, pois tudo se perderá logo! Aquele sorriso que você se derreteu e achou que seria repetido para uma posterior foto, nunca mais será dado. Virão outros, mais ou menos sedutores que aquele, mas aquele , nunca mais. O rosto antes banguela, se encherá de dentes antes que ele ou você possam dizer "x".
Não, você nunca aproveitará o suficiente. Os seis primeiros meses passam de modo que você, ao final, sinta que passou o tempo todo cansada, com sono, atarefada. Uma imagem bem diferente daquela que se faz quando grávida. Imaginando um longo e idílico éden, com longos momentos de contemplação mútua. Isso não acontece. Ao menos não na frequência que imaginamos. Não no modo como imaginamos. Nos momentos livres se deseja comer, dormir, cozinhar um prato sofisticadissimo que nunca faríamos, mas que agora, que não temos tempo, invocamos que temos que fazer.
Um nenem em casa é uma delicia. As pessoas amam. De longe. E é você, aproveitando cada minuto, que tem que sair no meio da parte mais interessante da conversa para dar de mamar, para trocar, para fazer dormir. Quando você voltar os sorrisos e as risadas já terão cessado, o assunto terá morrido e o grupo inclusive já terá se desfeito. Sim. Mas foi você quem viu a primeira tentativa dele de virar para o lado, enquanto todos na sala falavam pela trigésima vez sobre o filme do ano. Foi você que viu ele tentando falar A pela primeira vez. Aproveite, eles crescem rápido.
E você, esquecerá rápido. Daqueles momentos que você julgou mais significativos, no meio da noite. Você esquecerá. E se odiará por isso. Esquecerá como foi o primeiro banho. Em qual dia ele reclamou do sol daquele jeito engraçado. Esquecerá quando ele tomou sol e viu a chuva pela primeira vez. Esquecerá que ele olhou a chuva caindo e procurava no céu a origem daquilo. Esquecerá dos momentos em que ele brincava com o  pai e de como o  pai ficava engraçado, e do modo como os dois combinavam tão bem.
Registrar! Mas se o impermanente é inregistrável. O que apenas é sentido é inviável em palavras. É imperceptível tactilmente. Fotos não bastarão, filmagens trarão apenas sombras de toda a plenitude que se sente algumas (tantas) vezes, por alguns segundos, sendo mãe. Naqueles momentos que esquecemos que devemos aproveitar.