quinta-feira, 31 de março de 2011

Espera

Café coado
Mesa posta

Livros lidos
Sofá, tv

Compras feitas
Janta pronta

Calçada sem graça
Telefone mudo

Cerveja quente
Riso amarelo

Tarde tranquila
Manhã que não passa

Você que não vem.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Fábula I

Há uns 10 anos (Once upon a time...) aconteceu uma historinha assim:

Uma adolescente, cursando o ensino médio, terceiro ano. Um professor de química, dando uma aula daquelas típicas de cursinho. Até que o professor fala pra turma que você ali devia aprender o conteúdo, senão a pessoa que estava ao seu lado poderia acertar um questão que você errou. E vencer, enquanto você seria um perdedor. De certo modo, você não possuía amigos naquela sala, segundo o professor, mas concorrentes. Então a adolescente levanta a mão e pergunta para o professor se ele enquanto educador não se sentia mal em ensinar os alunos a praticamente odiarem-se uns aos outros, ao invés de ensina-los a lutar por mais vagas nas universidades, por exemplo. O professor deu risada da aluna, disse que ele já havia pensado assim, há muito tempo, mas que o tempo, ela haveria de perceber, remove estas ilusões. Disse também que ela era como o beija-flor da historinha, querendo apagar um incêndio carregando água em seu bico. A adolescente respondeu que nunca seria um beija-flor sozinho morrendo asfixiado ou queimado com o fogo. Ela preferia ser um papagaio, chamando os outros animais da floresta pra ajudar. A aula acabou, o professor ainda ria um sorriso irônico pra aluna. A aluna mantinha um sorriso irônico para o professor. Ele disse para ela voltar, dali uns 20 anos, dizendo se aqueles sonhos ainda se mantinham. Ela prometeu que se manteriam, que ela nunca seria uma pessoa tão medíocre quanto aquele homem. Ele disse que ia esperar.

Já se passaram 10 anos. Aquela menina deixou de acreditar em boa parte das coisa em que acreditava, deixou de desafiar professores em público. Em alguns momentos chegou a pensar se não estaria se tornando tão lugar-comum quanto aquele professor. Várias vezes pensou o que falaria para ele se o encontrasse. Teria pouco, muito pouco para falar.

Esta semana a menina lembrou porque havia escolhido seu curso, razão que o próprio curso havia apagado. Ela lembrou porque acreditava que uma mudança era possível. Lembrou que teorias eram desnecessárias. Nenhum ismo era necessário. Que a mudança é pessoal, em cada um e pode, sim, funcionar como uma corrente. Que há tanta gente sofrendo, e tanta gente ajudando. E que, sim, o professor tinha razão em partes, quando disse que com o tempo isso ia se apagar. Mas só se apaga para pessoas como ele, que deixam que se apague.

Existe muito a ser feito, e pode ser feito por qualquer um, em qualquer lugar.
Faltam dez anos para cumprir a promessa. Hoje ela sabe que vai cumprir.


terça-feira, 22 de março de 2011

Senhorinhas

Há uns dias vi um grupo de senhoras sentadas numa mesa de café, num shopping. Era uma sexta, final de tarde, aquele horário em que tudo está vazio ainda, sem aquela criançada saída da escola.
Aquelas senhorinhas me fizeram pensar com quais senhorinhas eu estarei sentada daqui uns, o quê , 35 anos? ( por que até lá espero não ser considerada senhorinha por ninguém, e minhas amigas todas continuaram a ser as meninas malucas que são hoje) Até daqui uns 35 anos.
E quem será que estará lá sentada comigo, ou será que elas estarão lá sentadas e eu estarei mortinha? E qual delas mais morrerá? E qual mais vai fugir prum país distante? E quantas voltarão?
Ah, o pior, os filhos, adultos, sempre inferiores ou muito superiores à nossa expectativa, indo nos buscar horas antes do necessário, e diremos: -Não, Joãozinho, meu filho, nós vamos pegar um taxi, mesmo e ficar mais um pouquinho.- E ai sim, acontecerá o pior: -Ok, mãe, vou buscar o Joãozinho Jr. na escola e vou pra casa. Ahhhhhh!! Sim, os netos.
E sobre o que vamos conversar então? Supondo que sim, estarei lá também.
Os assuntos sobre as doenças, os médicos, e as doenças e médicos dos netos.
Reclamaremos de noras. Com toda a certeza. Reclamaremos da velhice chegada de repente. Reclamaremos por nos vermos tão pouco. Reclamaremos dos maridos, ou mulheres. Ou lamentaremos que tenham morrido. Falaremos mal dos amigos distantes, por estarem distantes. Lamentaremos a morte dos ausentes. Acredito que a morte será um assunto recorrente. Assim como hoje o é falarmos de quem casou ou engravidou.
Me pergunto, então, novamente, quem serão as senhorinhas. Mas eu espero,de verdade, que elas estejam lá. Daqui uns 35 anos.
Por enquanto, prefiro que estas senhorinhas moças tomem cervejas comigo, sempre que possível. Enquanto não chega a hora do chá.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Publicidade

E eu devo usar assepsia, e garnier nutrisse e tomar schinchariol, e assistir todos aqueles programas que dizem que devo ver. E isso porque assisto tevê. Porque eu posso sair de casa e ter que comer naquele buffet, e assinar aquele canal, ou ter de ir naquela mãe-de-santo que lê tarô como ninguém. É isso, não é?

quarta-feira, 9 de março de 2011

Coisinhas úteis para Internet

Tentando me superar e aprender a baixar filmes na internet me deparei com os famosos protetores de links, aquele famoso "cadastre aqui seu celular para te mandarmos mensagens super úteis sobre música sertaneja e pornografia em geral". Mas, como o google é uma anjinho encontrei como burlar isso através de dois blogs bacanas, de dois outros anjos deste mundo virtual. Eles descobriram como burlar e eu descobri eles. Tá aí, pra vocês, os links destes blogs. Poderia postar aqui mesmo como se faz, mas não custa vocês darem uma visitinha e pretigiarem os blogs dos rapazes lá. ( ou moças, não sei...) É super simples e funciona na maioria dos casos. Eu estou aqui, vendo um filmezinho de terror, básico.

terça-feira, 1 de março de 2011

Casa de chá

Maria juntou as xícaras, os pires, catou almofadas. Do alto de seus seis anos, esticou o lençol entre os dois sofás e colocou o cartaz: Casa de Chá. Esquentou a água no fogão e colocou no bule. Todo o jogo de chá, a bandeja decorada. Colocou um preço pela xícara. E, invasores da própria sala, seu avô e sua avó sentavam-se no chão e pagavam por uma xícara de faz-de-conta.