quinta-feira, 26 de maio de 2011

Minúcias II

E poderia dizer que tudo começou com uma piada, quando entravam no carro.
Ou que teve inicio quando ele encontrou aquele livro que ela havia comentado Era o livro preferido, mas nunca mais tinha achado. Um livro que fazia rir. E ela chorou quando leu.
Pode ter sido também quando ele apareceu na sua cidade, às 11 da noite, sem dar aviso.
Ou quando veio sem dar aviso e encheu a casa de flores e preparou um jantar.
Ela também desconfia que as coisas aconteceram por causa das cartas, quase diárias, com recortes, com textos, com músicas.
A facilidade com que tudo parecia acontecer, ajudou para tudo começar.
E foram tantas viagens, tantos jantares, tantas manhãs em que tudo parecia ser como deveria ser.
Ela acredita que tudo começou com uma música. E depois milhões de músicas.
Uns passos de dança, que nenhum dos dois sabia.
Gostavam das mesmas bebidas. Gostavam de livros diferentes. Liam os mesmo poemas e todos os dias desafiavam-se à procura de quem encontrava a estrofe perfeita que descrevesse os dois.
Os dias eram descobertas e surpresas. Surpresas de verdade, com o coração na mão achando que ele ia aparecer na próxima esquina, mesmo estando a 500 km.
Ele aparecia.

Ela tem certeza que tudo começou porque era para ser ser assim.
Ela hoje sente falta deste começo. Ela gosta de surpresas.
Mas hoje, percebeu que as coisas continuam assim.
E eles se desafiam por outros motivos.
E ainda existem piadas entrando no carro.
E são tantas viagens, tantos jantares e tantas manhãs em que tudo parece ser como deve ser.
E as surpresas são ainda maiores.

domingo, 15 de maio de 2011

A vida, atualizada.

Bom, para todos vocês que vem dar uma lidinha aqui ( e me pergunto de onde surgiram visualizações dos EUA e da Alemanha....estou até estudando alemão agora pra poder ampliar o público do blog...)
Bom, continuando, para vocês que vem aqui e ainda não sabem das novas, apesar do texto que postei, chamado Menino, começaremos uma nova fase por aqui. Teremos um bebê aqui em casa. Ao menos nestes primeiros lindos anos, porque depois teremos um adolescente, e só deus sabe o que isso pode significar.
Isso acaba afetando o que escrevo aqui, acaba afetando as coisas que sinto e que faço. De repente a cabeça funciona só num sentido e 24 horas por dia fico pensando a mesma coisa, e muitas coisas desta mesma coisa. Me esforço para pensar em um assunto que não sejam enjôos, tontura, idade gestacional, como está o bebê nesta semana, se eu posso tomar água tônica.
Enfim...
É isso.
Já volto.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

A conversa que eu gostaria de ter

Me lembro todos os dias da senhora.Um dia por causa de um cheiro que sinto na rua. No outro por ter visto uma senhora com cabelinhos bem brancos, como os seus. No outro porque ouço contar uma história bonita de alguém que viveu coisas parecidas com as que a senhora viveu. Todo dia eu lembro. E tenho saudade de férias de julho. De comer o pão com molho de carne, a gelatina com creme, o bolo de cenoura. Na faculdade estes dias estudamos a saudade que temos de comidas. E as comidas que mais tenho saudade são as que a senhora faz. A cama gelada no inverno, a maquininha de costura, os sapatinhos de lã. Tudo que a senhora sempre fez por nós todos, mas que eu lembro mesmo é que fez por mim. E eu não devia ser muito fácil. Só consigo, é claro, ver agora.

Amamos tanto e não conseguimos expressar.