quinta-feira, 26 de maio de 2011

Minúcias II

E poderia dizer que tudo começou com uma piada, quando entravam no carro.
Ou que teve inicio quando ele encontrou aquele livro que ela havia comentado Era o livro preferido, mas nunca mais tinha achado. Um livro que fazia rir. E ela chorou quando leu.
Pode ter sido também quando ele apareceu na sua cidade, às 11 da noite, sem dar aviso.
Ou quando veio sem dar aviso e encheu a casa de flores e preparou um jantar.
Ela também desconfia que as coisas aconteceram por causa das cartas, quase diárias, com recortes, com textos, com músicas.
A facilidade com que tudo parecia acontecer, ajudou para tudo começar.
E foram tantas viagens, tantos jantares, tantas manhãs em que tudo parecia ser como deveria ser.
Ela acredita que tudo começou com uma música. E depois milhões de músicas.
Uns passos de dança, que nenhum dos dois sabia.
Gostavam das mesmas bebidas. Gostavam de livros diferentes. Liam os mesmo poemas e todos os dias desafiavam-se à procura de quem encontrava a estrofe perfeita que descrevesse os dois.
Os dias eram descobertas e surpresas. Surpresas de verdade, com o coração na mão achando que ele ia aparecer na próxima esquina, mesmo estando a 500 km.
Ele aparecia.

Ela tem certeza que tudo começou porque era para ser ser assim.
Ela hoje sente falta deste começo. Ela gosta de surpresas.
Mas hoje, percebeu que as coisas continuam assim.
E eles se desafiam por outros motivos.
E ainda existem piadas entrando no carro.
E são tantas viagens, tantos jantares e tantas manhãs em que tudo parece ser como deve ser.
E as surpresas são ainda maiores.