Me lembro todos os dias da senhora.Um dia por causa de um cheiro que sinto na rua. No outro por ter visto uma senhora com cabelinhos bem brancos, como os seus. No outro porque ouço contar uma história bonita de alguém que viveu coisas parecidas com as que a senhora viveu. Todo dia eu lembro. E tenho saudade de férias de julho. De comer o pão com molho de carne, a gelatina com creme, o bolo de cenoura. Na faculdade estes dias estudamos a saudade que temos de comidas. E as comidas que mais tenho saudade são as que a senhora faz. A cama gelada no inverno, a maquininha de costura, os sapatinhos de lã. Tudo que a senhora sempre fez por nós todos, mas que eu lembro mesmo é que fez por mim. E eu não devia ser muito fácil. Só consigo, é claro, ver agora.
Amamos tanto e não conseguimos expressar.
Um comentário:
Que pena quando o amor é mudo, né?
Ainda bem que o teu enxerga bem e tem tantas memórias olfativas e gustativas...um amor de poucas palavras e muitos gostos...
beijo grande
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