Há uns dias vi um grupo de senhoras sentadas numa mesa de café, num shopping. Era uma sexta, final de tarde, aquele horário em que tudo está vazio ainda, sem aquela criançada saída da escola.
Aquelas senhorinhas me fizeram pensar com quais senhorinhas eu estarei sentada daqui uns, o quê , 35 anos? ( por que até lá espero não ser considerada senhorinha por ninguém, e minhas amigas todas continuaram a ser as meninas malucas que são hoje) Até daqui uns 35 anos.
E quem será que estará lá sentada comigo, ou será que elas estarão lá sentadas e eu estarei mortinha? E qual delas mais morrerá? E qual mais vai fugir prum país distante? E quantas voltarão?
Ah, o pior, os filhos, adultos, sempre inferiores ou muito superiores à nossa expectativa, indo nos buscar horas antes do necessário, e diremos: -Não, Joãozinho, meu filho, nós vamos pegar um taxi, mesmo e ficar mais um pouquinho.- E ai sim, acontecerá o pior: -Ok, mãe, vou buscar o Joãozinho Jr. na escola e vou pra casa. Ahhhhhh!! Sim, os netos.
E sobre o que vamos conversar então? Supondo que sim, estarei lá também.
Os assuntos sobre as doenças, os médicos, e as doenças e médicos dos netos.
Reclamaremos de noras. Com toda a certeza. Reclamaremos da velhice chegada de repente. Reclamaremos por nos vermos tão pouco. Reclamaremos dos maridos, ou mulheres. Ou lamentaremos que tenham morrido. Falaremos mal dos amigos distantes, por estarem distantes. Lamentaremos a morte dos ausentes. Acredito que a morte será um assunto recorrente. Assim como hoje o é falarmos de quem casou ou engravidou.
Me pergunto, então, novamente, quem serão as senhorinhas. Mas eu espero,de verdade, que elas estejam lá. Daqui uns 35 anos.
Por enquanto, prefiro que estas senhorinhas moças tomem cervejas comigo, sempre que possível. Enquanto não chega a hora do chá.